Tudo Em Redor Nos Ensina...

É engraçado como nós humanos somos tão flexíveis, sobretudo naquelas coisas que nos agradam e às quais damos importância, e pelas quais às vezes conseguimos ser mesquinhos, avarentos e muitas vezes até cruéis... Afinal muitas vezes, essas coisas são irrelevantes perante realidades que ignoramos diariamente e ao lado das quais passamos com frequência...

Quero apenas partilhar convosco um pouco de uma experiência especial minha e que vos garanto ter sido a melhor que tive até hoje.

Em Abril de 2007, fui convidado como Monitor para uma colónia de férias em Aveiro. Afinal a minha área de formação é Turismo o que se enquadra perfeitamente. Apesar de ter sido devidamente informado das pessoas a quem se dirigia este projecto de acolhimento temporário de férias, acreditem que não fazia a mínima ideia do que era o convívio diário com deficientes do foro mental e muitos deles com deficiência profunda.

Mas assim como a maioria de vós, também eu passava um pouco ao lado desta realidade que é a deficiência! Não posso dizer que me chocou porque não foi essa a minha reacção espontânea, mas fiquei um pouco atarantado sem saber como agir.

O primeiro impacto foi estranho, mas ainda não estava bem interiorizado. O segundo impacto foi mais profundo quando percebi que íamos dormir nas mesmas camaratas em camas individuais e lado a lado com eles. Mas depressa me habituei e não me consternou em nada esse facto, pelo contrário fui aprendendo muito com eles.

Logicamente que para cada utente com necessidades especiais havia um monitor, porque a maioria necessita mesmo de cuidados especiais que requerem a presença constante de alguém.

O trabalho dos monitores não se cinge apenas à vigilância, os monitores são na maioria dos casos os olhos, as mãos, as pernas e a voz destas pessoas. Como devem compreender muitas vezes é difícil uma só pessoa conseguir cuidar destes seres humanos tão especiais. Por isso a entreajuda entre monitores e a solidariedade são uma constante.

Aqui aprendemos o que é ser solidário, aprendemos o que é realmente ajudar quem necessita, aprendemos a compreender quem é tão incompreendido.

Aqui os nossos mestres são as pessoas com deficiência e necessidades especiais, são eles que nos ensinam a lidar com estas situações e que nos presenteiam com um sorriso quando estão satisfeitos.

É muito gratificante percebermos que estes "Miúdos e Miúdas" estão contentes e satisfeitos e que nós os ajudámos a atingir esse estado de alegria e felicidade!

Poderia alongar-me mais e falar-vos mais em pormenor desta primeira experiência, mas penso que vocês já perceberam o quanto para mim foi marcante e rica esta primeira colónia de férias com estes seres tão especiais!

Brevemente falar-vos-ei da minha segunda experiência em Novembro deste ano de 2008, tanto ou mais gratificante que a primeira.

Entretanto vão pensando nisto, porquê sermos egoístas e mesquinhos com coisas que afinal são superficiais e irrelevantes perante a realidade destas pessoas “Tão diferentes mas tão iguais a todos nós”!

Reflictam!